segunda-feira, 5 de maio de 2008

TRECHOS DE RUBI... ;)

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mais um pedacinho de "RUBI" - essa mulher até me cansa a mim, (risos). mas páro por aqui, senão perde a piada, se um dia eu resolver publicar ;)
espero que gostem!
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(...)

fui embora assim. de repente.
porque quis cortar aquele fastio indecente, não pela raiz, mas pela altura dos ramos já. tinha sido melhor assim. se ficasse mais um segundo sequer ao pé de ti, odiar-te-ia para sempre. creio mesmo que já tinha começado a odiar-te e, por isso, parti. fugi de mim e só assim consegui ir embora. e fui tão fria, que até hoje, ainda, quase desfaleço de terror ao relembrar aquele gelo que me tomou a alma naquele dia.
convenci-me de que seria melhor assim, que precisávamos de espaço. ninguém poderia viver assim... e depois, havia o carmim...
sim, podíamos ter dito... mas não dissémos. podia ter dito algo mais que "adeus"... mas não disse. a crueldade. o mote.
podíamos ter sido felizes... mas nem sequer, depois, quis tentar. podíamos perder-nos, irreversívelmente. podíamos ter arriscado mais... mas não o fizemos. era já demasiado perigoso...
ficou por acontecer o melhor beijo...
ficou o abraço suspenso, ficou o sexo, o olhar. a loucura toda. ficou um odor de coração no fim, ficaram os olhos que transbordavam a saudade do tudo, do absolutamente tudo.
ficaram as gargalhadas agudas que escandalizavam os vizinhos do lado, ficou o gelado de caramelo com pedaços de amendoim...
ficou-nos...
por medo?... era ilógico o medo naquelas alturas já...
talvez um único caminho fosse demasiado pequeno para nós dois. pensei que não cruzasses mais a minha fronteira...
parti porque não suportei o carmim... e mesmo que, ao sair do nosso apartamento, tenha deixado uma parte de mim que nunca mais pude ser, não quis voltar para a ir buscar.
não percebeste mas deixa-me que te diga que não pensei que me doesse tanto dizer-te adeus, mesmo sabendo que já me tinha forçado a ir embora no dia anterior, por iniciativa do carmim que trouxeste contigo...
o carmim...
adeus.
dizes quem sabe um dia, Rubi...
não.
quase desatei a chorar a esfregar os olhos, como uma criança que se tinha magoado na cabeça... mas já tinha as malas arrumadas. o coração na rua...
sinto a falta... diabos! até quase dói ter que admitir isso. parece que estou, outra vez, a cometer um pecado muito grande. que ódio me fazes sentir. ódio deveras, ódio de te beijar até que se me estrassalhe algo por dentro e te largue a desabar de uma ribanceira cheia de espinhos e lascas dolorosas de madeira fina.
odeio-te num beijo.
o melhor beijo que não roubaste...

(...)

;)