segunda-feira, 21 de maio de 2007

MALÍCIA INOCÊNCIA



vá, morre devagarinho
neste beijo que te dou, crioulinho;
desfalece instantaneamente para alimentar-me o capricho,
a ilusão inteira de te pensar meu.

meu.

seja meu aqui,
nos braçinhos delicados de uma ninha de Mindelo
deliciada de maresia e lua cheia,
de corpinho bem feitinha, mimadinha,
tomada de meiguice, tua namoradinha.

morre devagarinho nos meus seios mulatinhos,
entrega-te nos meus ardis de sereia morabeza
derrete-te nos meus olhos de roubá mund
e deixa-me iludir de que é por mim, crioulinha irresistível,
que morres de amores eternos incondicionais.

meu.

que morres, morres, crioulinho,
que morres devagarinho,
perdoando meus pecadinhos
devagarinho...
porque são mimadinhos
de amor, devagarinho...



[vivianne nascimento]

::
outro dos meus momentos divinos...
::

segunda-feira, 7 de maio de 2007

NAVIOS


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encontrar os caminhos perdidos,
sem rumo, nem direcção.
vão não sei para onde,
nem como,
nem quando hão-de partir ou chegar…
caminham… braços contrapartidos,
abraçam caminhos estreitos e bocas líquidas…
entumecem corações quentes, mornos, frios… ou vice-versa…
beijos roubados que não pertencem,
cândida flor, pedra doce,
amores sem donos, sem rei, nem lei…
dorso do mundo, paraíso de Baco,
encontro de sensibilidades que trepam meigos pelos corações apaixonados,
navios alienados a deriva inocência,
porto seguro de um ilhéu
descansam o leme...
... antes de se perderem novamente...
não sei onde,
nem como,
nem quando hão-de chegar e partir…
sem direcção…
pedaços de madeira a boiar numa imensa tina azul...

[vivianne nascimento]


sem data, nem hora.
nenhures.

::
um poema meu, numa das minhas circunstâncias divinas
::

foto: Marília Campos